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Publicação: 10/02/2017   Comentários: ()   Categoria: Últimas Notícias - Visitas: 7005
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Vandalismo prejudicou 60 mil viagens da CPTM

São inúmeros problemas todos os dias. Se não bastasse a superlotacação do sistema, que não inaugura um novo ramal há mais de uma década, usuários da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), são obrigados a conviver com quedas de energia, panes na rede e paralisações nas composições. Milhares de pessoas se espremem dentro dos vagões e lotam as plataformas nas estações por conta disso. 

 

Mas há uma outra adversidade, que também prejudica os mais de cinco milhões de passageiros que necessitam do transportes sobre trilhos para se locomover nas seis linhas da CPTM: o vandalismo. 

 

De janeiro a novembro do ano passado, foram registradas quase três mil ocorrências, causadas pelos próprios usuários, nas composições da companhia. Mais de 59 mil viagens foram de alguma forma prejudicadas.

 

Em 2015, os números eram ainda maiores: 3.220 casos e 64.440 viagens afetadas. 

 

Os passageiros são prejudicados porque quando o trem é vandalizado, acaba, inevitavelmente, em uma das oficinas da CPTM. O procedimento de manutenção leva, pelo menos, dois dias, e essa composição fica fora do sistema, agravando a superlotação e o tempo de espera dos usuários da companhia.

 

Uma conta simples dá a dimensão do prejuízo causado por atos como segurar as portas dos vagões: um trem faz de 20 a 30 viagens por dia. Mais de cem milhões de pessoas ficaram na mão em 11 meses do ano passado por conta do vandalismo. 

 

"A gente acha que não tem ligação uma coisa com a outra, mas agora dá ver que o responsável não é só o governo", admite a recepcionista Larissa Dias, de 25 anos, confrontada com os dados obtidos com exclusividade pelo DIÁRIO por meio da Lei de Acesso à Informação. Ela disse ter perdido as contas das vezes em que viu vidros das composições riscados.

 

 De acordo com o chefe de manutenção da companhia, Eduardo Jordão Massa, as principais ações de vandalismo são escrever ou danificar vidros e bancos. Também aparecem na lista jogar pedra no para-brisa do trem e segurar as portas. "É o principal caso que sofremos, pois a peça mecânica, cada vez que alguém tenta prender a porta, acaba morrendo", disse.

 

Além de quebrar o patrimônio público, os vândalos causam uma perda financeira no caixa da companhia, repassada aos usuários no valor da tarifa, prejudicando quem mais precisa do transporte. Segundo a CPTM, somando gastos dos dois últimos anos, mais de R$ 8 milhões saíram dos cofres da empresa para pagar os "consertos" dos trens vandalizados. No ano passado foram gastos R$ 3.967.240. Em 2015, R$ 4.410.100. 

 

Nos últimos dois anos, Metrô teve 720 trens vandalizados

 

Com um cenário menos catastrófico em relação ao da CPTM, o Metrô também registra casos de vandalismo dentro dos vagões. Os números são inferiores, mas afeta os usuários e desabastece os já escassos cofres públicos. 

 

No ano passado, foram 275 trens depredados por criminosos. O número representa uma queda referente a 2015, quando foram registrados 445 composições prejudicadas nas linhas 1, 2, 3 e 5. 

 

As principais ações cometidas pelos marginais no Metrô são os riscos nos vidros. Há casos pontuais de pichação, pedras no para-brisa e portas quebradas."Nunca reclamei e acho que a gente fica acostumado em ver os vidros riscados, por isso não fala nada ou denuncia", admitiu o auxiliar de serviços, Renato Oliveira, 35. 

 

Oliveira costuma usar as linhas 2-Verde e 3-Vermelha, mas percebe diferença no comportamento dos passageiros. "É cultural, porque ninguém vai e risca do nada. É falta de educação, ainda mais da pessoa que paga o transporte público só para fazer isso."

 

Na outra ponta do problema está o dinheiro usado para manutenção dos trens. Foram mais de R$ 434 mil gastos para pagar o prejuízo.

 

Mas na avaliação tanto do Metrô quanto da CPTM, as principais vítimas são usuários, que saem lesados no meio desta situação, com viagens perdidas e composições a menos.

 

"Nosso foco não é o custo, mas a disponibilidade de trens para os usuários, porque eles não são culpados", explicou o coordenador de manutenção da Linha 1-Azul, Reinaldo Teixeira Nappo. 

 

Diferentemente da CPTM, o Metrô não informou a quantidade exata das viagens afetadas por trens que tiveram de entrar em manutenção.

 

Composições passam por manutenção diariamente

 

A justificativa padrão da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e do Metrô para o sistema não funcionar 24 horas como os ônibus são as manutenções feitas todos os dias após o "expediente" das composições. 

 

O maquinista, ou outro funcionário, seguem o procedimento de quando observar um ato de vandalismo, ou mesmo um problema, preencher uma ficha e encaminhar o trem para a manutenção.

 

O período médio de estadia de uma composição nas oficinais são, ao menos, dois dias. "Temos uma fila de trens, então às vezes não dá para consertar no mesmo dia", explicou Reinaldo Teixeira Nappo, coordenador de manutenção da linha 1-Azul do Metrô. 

 

Para trocar um vidro, por exemplo, situação comum nas ocorrências de depredação, os funcionários levam ao menos dois dias e é preciso quatro pessoas para realizar o serviço. 

 

"É uma equipe só para resolver esse problema, que poderia ser evitado", apontou o chefe de manutenção, Eduardo Jordão Massa.

 

Os pátios de manutenção são divididos por linhas. Ou seja, no Metrô cada linha tem a sua oficina. Já na CPTM, a cada duas há um pátio. De acordo com as companhias é uma forma de organizar o sistema.

 

MORTE / No dia da visita da reportagem ao pátio da CPTM, funcionários da companhia faziam a limpeza do trem, onde um homem morreu eletrocutado após tentar "surfar".

 

O cheiro forte de sangue misturado com o produto de limpeza foi para debaixo dos trens, onde outros funcionários faziam a checagem do "motor" de uma composição.

 

Dinheiro gasto poderia pagar duas passarelas na CPTM

 

Um dinheiro jogado fora. Sem volta. Somando o valor das duas empresas públicas, foram mais de R$ 8 milhões para colocar dezenas de trens em manutenção nos últimos dois anos.

 

Para ter dimensão da quantidade de dinheiro, a reportagem questionou a CPTM sobre obras e equipamentos que poderiam ser comprados com o valor retirado dos cofres da companhia. 

 

Segundo a empresa, com o montante, poderiam ser construídas duas passarelas de acesso usadas por passageiros para entrar nas estações.

 

Além disso, é possível implantar com o valor utilizado cerca de 4 escadas rolantes. Uma das estações da CPTM que ainda não tem o equipamento é a de Suzano, na Grande São Paulo.

 

E, por fim, um dos equipamentos mais importantes de acessibilidade: elevador. De acordo com as informações da companhia, os mais de R$ 8 milhões poderiam  ser usados para implantar 11 elevadores nas estações. 

 

Geralmente, cada estação da CPTM ou do Metrô tem um equipamento deste tipo, porém, não é raro encontrá-los em manutenção.

 

Fonte: Diáriode S. Paulo; Foto: Internet.

https://diariodacptm.wordpress.com/2015/02/27/vandalismo-na-cptm-resulta-em-prejuizo-de-r-250-mil/

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